sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Do que lateja.



É primavera, mas em mim, o inverno não se foi. Chove. Tempestade. Frio. Acho que não sei viver, e se eu sabia, me desculpe, não sei mais. Alguém sabe arrancar de si um sentimento forte e bonito?
E não me venha com aquela velha conversa que só o tempo. Não.
Quero agora, já. O tempo é longo, demora, rasteja. Eu tenho pressa, meu coração é teimoso, burrinho, frágil. Ele não entende essa coisa de tempo. Ele me aperreia, me incomoda, me inquieta, ele lateja, domina.
Ele me pede aquele outro coração que fazia par com ele. Me implora por aquele que se foi. Ele não quer saber de outros assuntos e distrações. Ele nasceu para o amor, e o amor para ele.
Ele grita, esperneia, fica carente, faz bico, de triste. Ele faz doer. Dor que arde, queima, invade. Toma conta. Dor que não se vai, que não me deixa. Nem por um momento, nem por um instante, nem por um segundo. E eu quero respirar, eu quero encher os meus pulmões de vida. Eu quero ver o colorido da estação das flores. Eu não posso perder mais nenhum dia de sol. Mas força para isso, às vezes parece faltar.

- Ahh , coração, cala de vez a tua boca! Engole todos os teus motivos. Ainda não podes ver que perdeu o sentido? – Ordena a razão.

Lá na frente encontramos as respostas para todas as perguntas e inconformações de hoje. Quem sabe no final das contas eu dê uma boa risada disso tudo? Quem sabe.
Mas de uma coisa eu sei porque sei.. Sei porque acredito. Um dia, vou olhar para trás e dizer: Meu Deus, tinham razão, pois num é que o danado do tempo resolve mesmo?!  Tudo passa... Como fostes tolo, coração!

 
 
Karine Melo.