Hoje pela manhã acordei pensando em coisas. Melhor dizendo, dormir e acordei pensando em coisas. Por favor, não faz essa cara de tédio que quer dizer: ah, lá vem essa loira-sem-graça com aqueles papos. Desculpa, mas eu vou falar. Se não tiver saco para me aguentar, é simples. Basta clicar no X lá no cantinho direito da página. E eu vou entender. Mas se tiver, puxa a cadeira e fique á vontade. Você sabe, gosto da sua companhia.
Eu sei que tem dias que, definitivamente, a gente nem entende porque estamos nesse mundo-de-meu-Deus. Por mais que sua melhor amiga diga olhe-é-assim, não adianta, há certas teorias que ficam difíceis de entrar na nossa cuca. De repente, analisando direitinho, percebo que tenho que me submeter à alguns processos de limpeza cerebral. Isso mesmo. Arrastar os móveis, sacudir o tapete, tirar o pó, desentortar os quadros, jogar o lixo fora, varrer e passar Brilux, em tudo.
A cada dia que passa, acho as coisas mais difíceis. Sem contar que, entendo cada vez menos humanidade. Provavelmente você, que vez ou outra, firma os pés no chão, de algum modo, possa concordar comigo. As pessoas precisam urgentemente acreditar. Em Deus, nelas mesmas e em algum sentimento que as faça ter sede vida, um sentimento do tipo inabalável.
Vejo terminar vários relacionamentos que tinham tudo pra dá certo. Vejo amizades sendo interrompidas por bobagens. Intrigas em família, mau-humor constante, e por aí vai. Porque simplesmente ninguém sabe ter paciência, ninguém se tolera mais, ninguém entende que não existe perfeição, em nada.
Diariamente, as pessoas jogam tudo pro ar por causa de um aborrecimento, explodem, saem de si, agem como doentes. É tanta gente chorando de barriga cheia, é tanta gente se prendendo ao desnecessário. Parece que o respeito, a consideração e os bons sentimentos foram passear, e longe. Voltam quando? E Se voltar! Pelo amor de Deus, me diz, o que é que ta acontecendo com o mundo?
Bem, mas eu falava da minha faxina cerebral. Pessoal. Porque é muito fácil ficar apontando os erros e as mancadas dos outros, dizer no que precisam mudar, dizer o que precisam fazer, dizer o que se deve e o que não se deve sentir, dizer e dizer. Vem cá, e nós? E você? E eu? Anda tudo certinho? Eu tenho certeza que não. Sempre tem algo aqui ou ali que está precisando de reparos. Há sempre o que aprender, há sempre uma área que necessita de um cuidado a mais, ou de um puxão de orelha que a nossa própria consciência se encarrega em dá.
Interessante seria se tudo se resolvesse assim, num plim. Mas não resolve. Então, o negócio é olhar para si. Fazer sua parte. Mudar. Se desprender. Seguir. Tirar o sujo da alma, agir sem deixar que o orgulho e a impulsividade tomem conta de você. Ser livre para ser o que você é e não o que esperam que você seja. Livre para sonhar. Para fazer. Para sentir. E de uma vez por todas, parar de culpar e responsabilizar os outros pelos seus problemas. Sua vida, quem faz é você, o caminho é você quem trilha, a escolha é sua, sempre sua.
A gente precisa mesmo é de continuidade. Ansiamos por estabilidade em todo tipo de relacionamento que existe. Queremos ser bem aceitos, bem amados, bem quistos, bem sucedidos, bem, bem, bem. Mas pense bem, também. Será mesmo que estamos indo para o lado certo?
Finalmente, me deparei comigo. E, sinceramente, abri os olhos para algumas coisas. Claro, depois da limpeza minuciosa que eu fiz, bem aqui, na minha cuca. Lembra da tal faxina? Sim, é dela mesmo que estou falando. Foi a partir daí, que eu desisti de ficar pensando em como era pra ser. Agora eu resolvi ser. Desisti de pegar no sono alimentando erros, fracassos e vacilos, meus e dos outros. Não quero mais perder o foco. Simplesmente, desistir de me negar. Cansei de engolir palavras, como também cansei de soltá-las sem freio. Cansei de perder o meu eu de vista. A vida não é isso. E eu mereço mais. Você também, acredite.
Por isso eu me permito mais liberdade, mais leveza, mais sorrisos. E, depois do dia-de-lerê na minha cabecinha, após o Brilux, eu passo o bom-ar, aquele com a mais suave fragrância, e respiro fundo. E vou. Porque o mundo gira, dá voltas, e o tempo não para.
Karine Melo.