Ao deitar...

Antes de dormir, é sempre o mesmo processo: fico um pouco (ou muito) tempo na Internet, depois corro pra cama. Pego o livro que estou lendo, leio, leio, leio até bater aquela preguicinha boa, aquela que pede descanso e um edredom gostoso para se enrolar. Ligo a TV num volume baixinho. Sempre gostei de adormecer com ela ligada. Então, TV programada para desligar 120 minutos depois.

Nesses minutos antes de pegar no sono, os meus pensamentos costumam fazer várias viagens, dessas para bem longe, outras, para bem perto daqui. Reflito sobre coisas que aconteceram no meu dia, faço planos para o próximo, e tenho um bom papo com Deus.

Logo em seguida, acabo sem querer, me entregando aos delírios-noturnos. Penso, penso, viro para o outro lado, e penso mais. É tanta besterada, minha gente. Mas quem não é assim? Talvez o negócio possa ser só comigo. Quem sabe.

Daí que nessa mesma madrugada, lembrei de uma pequena parte do livro que fala sobre maturidade, não necessariamente sobre os conceitos, e sim do momento em que um dos seus personagens se deu mal por não tê-la.

O que sei, é que ainda somos um mistério para nós mesmos. Em certas situações, deixamos o impulso e as emoções tomarem conta, agimos sem pensar, falamos na intenção de machucar, só para conseguirmos algo do nosso jeito. Facilitamos, e o que tende a nos dominar é o rancor, o orgulho. E em consequência, tomamos decisões erradas e muitas vezes, precipitadas. Depois, por ingenuidade, ou não, ainda nos perguntamos o porquê de estarmos passando por momentos de tristeza e angustia. Queremos a qualquer custo, nos livrar da aflição que o coração carrega. Mas chega uma hora em que é preciso aprender, reagir, se levantar. Amadurecer.

Claro que eu não vou bancar aqui a doutora-sabe-tudo. Tenho o meu jeito imperfeito de ser, pensar e agir. Sim, e também carrego a minha bagagem de erros e atitudes infantilóides. Com uns já aprendi, com outros, a vida vira-e-remexe-e-me-sacode-toda, mas no final, eu tomo jeito.

Maturidade é saber controlar as emoções, é quando conseguimos enfrentar os fatos desagradáveis sem nos tornar amargos. É trabalhar a paciência até mesmo quando temos que abrir mão de algo imediato. É encarar as coisas de outro modo, é ter humildade e reconhecer os erros. É não culpar o outro por nossas mancadas. Maturidade é liberdade. É livre arbítrio. É agir com tranquilidade as próprias limitações. É Sabedoria, é discernimento. É perseverança.

Maturidade é também é a capacidade de viver em paz com aquilo que não se pode mudar. Afinal de contas, nem tudo que achamos que é, é aquilo que deve ser. Sempre há mais de uma versão para os fatos, e a minha verdade, nem sempre é a sua.

A verdade é que crescemos com as nossas experiências. O tempo passa e aprendemos a ser mais resistentes às dificuldades. Um erro cometido hoje, já serve como espelho e conselheiro para o amanhã. Ninguém terá uma maturidade integral, até porque não existe termos absolutos para defini-la e nem uma regra exata para seguir. Ela é algo pessoal, que traça o caráter de cada um, que envolve e se desenvolve de acordo com aspectos práticos do dia-a-dia. Então, vamos continuar vivendo, tropeçando, caindo e levantando. Amadurecendo. Quem sabe um dia, possamos olhar para trás com a cabeça erguida e dizer: fiz o melhor que eu pude!

Ahh... assunto está ficando sério demais para o horário, e o sono agora bateu pra valer.

[ Psiiiuu...

Fala, mas fala baixinho,

que é pra ela não acordar..

 a TV ta quase se desligando]

 
 

Karine Melo.