Destino?

Um dia desses, uma amiga e eu, estávamos conversando. Daquelas conversas do tipo que poderiam durar dois dias inteiros. Compartilhamos as ultimas novidades do dia e da semana. Das mais fúteis às mais importantes. Falamos do cachorro, da amiga falsa, do próximo período na faculdade, do papagaio, do namorado, do marido, da nova receita do miojo-com-cara-de-macarronada, do goleiro do Flamengo, do shampoo que promete fazer milagres (e nunca faz) do rímel que também prometeu alongar mais (e nada). Enfim, fofoca é o que não falta. Coisas de mulher, de amigas, de melhores.

E por falar nelas, hoje é dia 20 de Julho. Que especial! Feliz dia do amigo à cada uma das minhas grandes amigas. E para elas terem a certeza do quanto às amo, eu sei que não será preciso eu escrever mil linhas emocionantes sobre isso. A questão é que eu não vivo sem a particularidade do que cada uma significa para mim. Elas sabem.

Mas voltando ao assunto... Conversa vai, conversa vem, nos detemos e em um determinado ponto do blá-blá-blá. Olhei para ela de um jeito (in)conformado e disse: É o destino! A conversa não se estendeu muito. Mudamos de assunto e ponto. Mas, não sei por qual razão, essa palavra ficou perambulando em minha mente. Destino. Destino. Destino. E depois dessa conversa, todas as coisas que aconteciam, eu associava com o tal do destino. Me perguntando, me questionando, se é por meio do destino que tudo se justifica, ou se é apenas questão de escolhas. Pronto, já percebeu não é? Confusão na certa para minha cabeça pensante.

As pessoas vivem numa busca constante de realizações. Por muitas vezes, nem sabemos na verdade o que esta faltando, ou o que ainda não é o suficiente, mas queremos mais. Mais paz, mais dinheiro, mais saúde, mais crise de risos, mais amigos, mais amor, mais férias, mais viagens. Mais, mais, mais.

Será que de todas as coisas que eu acredito, devo incluir também o destino? Até onde eu sei, destino é a necessidade que o ser humano tem em acreditar em algo mais forte do que ele. Acreditar que as coisas acontecem porque já estavam escritas, porque já estavam destinadas a isso. Para mim, ou para você, isso possa não fazer o menor sentido. Ou faz?

A vida corresponde às nossas atitudes. O que semeamos, colhemos. E disso, sabemos. Talvez aquilo que fazemos de bom e ruim, seja mesmo recompensado mas tarde. Na realidade, o que me deixa intrigada são as dúvidas, os caminhos, as escolhas. Será que um dia, alguém vai inventar um manual de instruções para se viver? Eu sei que não. Mas e o que eu faço com as minhas incertezas? Chega mais perto, vai. Me diz.

Destino é algo sem escolha? Em certas situações, passo horas e horas martelando em minha cabeça a melhor maneira de agir. Fico sem saber qual decisão tomar, que caminho seguir, o que devo escolher, o que devo abrir mão, o que devo agarrar. E tudo que eu mais desejo nesses momentos é uma luz que me guie. Que me leve ao que será melhor para mim.

Talvez aquilo que não sonhamos e que não estavam dentro dos nossos planos, seja o nosso destino. Mesmo que não se entenda agora o porquê, um dia saberemos que tinha que ser assim. O caminho para o qual andamos, é onde devemos chegar. Destino pode ser escolha. Ou sorte.Ou sina. Não sei.

O medo paralisa, o desconhecido provoca insegurança, incertezas levam à angustias. Equilíbrio é conquista que cada um faz com o tempo. Mesmo sabendo que algo pode não sair como se espera, precisamos confiar. Pode dá errado? Claro que sim. Evidente que sim. Mas, tudo também pode dá certo. Então o que resta é apostar, arriscar. Do contrário, como saberemos? Arrisque tudo. Não deixe nada completamente nas mãos do destino, faça sua parte, acredite! Não deixe que o medo seja maior do que a coragem, isso é para covardes.

Querer, suplicar que tudo seja como você sempre sonhou, não adianta. Isso não nos garante que aconteça. Não fique sentado esperando que o destino seja bom para você. Algumas expectativas podem ser em vão. (Recaída de novo) Ta certo, tudo bem, eu assumo. Não sei se devo acreditar no misterioso e complexo destino. Não sei como será o meu futuro. Quero saber, quero entender. Preciso.

É, ainda me faltam explicações que me convençam de verdade se estou no caminho certo. Mas enquanto as respostas não vem, enquanto as certezas convictas não chegam... Alguém aí me trás chocolates e uma bebida forte?



Karine Melo.